PLANETA VACA (Santarém) do inigualável Pedro Pinheiro “Zorba” (voz, guitarra, autor das letras) com o eficaz acompanhamento de André Alves “Tuniko” (bateria), abriu a sessão com a sua interpretação hard, homenagem aos grandes mestres José Calvário – José Niza, de “Festa da Vida” (Carlos Mendes, Festival RTP 1972) que segundo a lenda não venceu lá fora porque ao tempo Portugal não tinha “dinheiro nem logística” para organizar um Festival Eurovisão, canção que pode figurar nos Tops 100 ou 1000 Mais da Música Portuguesa e que vem sempre a propósito. No caso e no fundo, não é isso que é para as bandas e públicos, os concursos-festivais de música moderna portuguesa, uma festa da vida? Seguiram-se os originais “Alcateia Poder”, “Planeta Vaca”, “Porcos na Engorda” e “Ninguém”. Tendo já um clip com estética caricatural que ronda a beleza, apareceram com um CD-EP com 4 temas, ainda quentinho da fábrica. Espécie de “regresso” do rock português de província (que parece estar a florescer nas cidades de todo o país) sacrificado nos anos 80 em Portugal para as bandas de Lisboa – Porto (é lá que estão as grandes editoras e os divulgadores da música). “Rock vivinho da silva em português”, não pensem que é para adormecer ou sonhar. Alternativa de Ena Pá 2000 ou mesmo Mão Morta, confissões truculentas de um jovem inconformado: obrigado, “Zorba”!

WIND KOALA provou ser a melhor banda do concelho de Setúbal no “Concurso de Bandas de Garagem”. É expoente duma cena “underground” que procura espaço na cidade do Sado. Elementos: Miguel Tavares (voz, teclas), João Nunes (guitarra, teclas), Bernardo Guerreiro (baixo, grande execução!), Rui Oliveira (bateria, voz). Idades: 19, 19, 21, 19 anos. Temas: “Out”, “By”, “Lchange”, “Intro/In”. Música tecno-electro-dance de encruzilhadas, sui generis, tentativa de fazer algo de novo com saudades da grande música do passado, ultrapassando fronteiras. Liberdade rítmica, amálgama sonora de alto nível. Outra banda animada e bem movimentada que deveria ter já um lugar de actuação nas discotecas do país. Uma nova geração a mostrar uma competência invejável.

MUSKET (Lisboa, Lumiar) fechou a noite com chave de ouro. Miguel Marinho (espectacular revelação do Festival, novo craque de guitarra e voz em inglês), Tomás Frias (baixo, voz) e Ricardo Pires (bateria) constituem a banda. Dos temas que têm em carteira, executaram “Just say”, “Back to the Wall”, “Turn off the Lights”, “So Tired”. Riffs de guitarra, vozes insinuantes, provocatórias, agudas mas com poemas agradáveis de ouvir, cantados com boa dicção. Os jovens a “copiarem” os seus heróis actuais lá de fora mas a darem um cunho português à produção. O mais recente rock internacional independente alternativo lírico de êxíto: é ver a quantidade de bandas estrangeiras dos Festivais de Verão em Portugal... Ficou também provado (apesar da sua juventude, 21, 19, 20 anos) que decerto os Musket sem dúvida têm valor para fazerem parte desses cartazes. Já sabem o que querem e para onde vão. Com temas apenas ainda com edição “Internet”, o CD de MUSKET (decerto em preparação) não cairá em saco roto.

A não perder a última noite de apresentação da CLASSE 2012 do Festival de Corroios, próximo sábado 28 de abril, Tapas Fórum, 22 horas com THE MISTER OF AZEITES (Almada), HIGH TRASH (Sesimbra) e SPINNING (Vila Real). Para mais informações sugerimos que visitem os sites das bandas.

Fotos: José Frade