Mad Dogs irromperam pelo palco Corroios na quarta sessão da XIII Edição do Festival de Música Moderna com o tema “Hitch Hike Edgy Moan” e a expressão “Mother Fucker” a desarmar o público que em poucos minutos ficaria rendido à sonoridade Blues. O palco do Ginásio Clube de Corroios elogiado e ambicionado por muitas bandas, foi pequeno para o colectivo do Bolhão. Tôla, vocalista e mentor dos Mad Dogs, saltou para a pequena multidão, o que fez regozijo dos fotógrafos que viraram costas ao palco focando as objectivas no homem da harmónica. Não se deixem enganar pelas feições de menino delicado do front-man da banda. Em palco transforma-se em rapaz travesso com uma postura altamente icónica de super-estrela lutando com esse estatuto e provocando as massas enquanto se mistura com elas. A longevidade, o profissionalismo e a máquina de estrada devidamente oleada são indicadores de uma banda com um sentido de orientação apurado. À primeira vista Mad Dogs são pit-bulls enfurecidos, donos e senhores do palco. Fora dele são como cães dóceis e amistosos que farejam as pistas de regresso a casa. O bom velho rock n’ roll é na verdade a casa destes “cães furiosos” desejosos por furar na música portuguesa. Lamentamos informá-los mas no próximo Sábado têm mais 600 kilómetros de estrada pela frente e a possibilidade de gravar o tão desejado CD de estreia.

The Profilers entraram ligeirinhos com a sonoridade a roçar no imaginário bossa-nova com laivos de cabaret-rock e os saltos de agulha de San a conferirem muita sensualidade ao espectáculo. A vocalista seria uma espécie de Madonna a borbulhar sexualidade por todos os poros em “Like a Virgin” ou a reencarnação de Kate Bush versão loira, quando das suas incursões no ballet e teatralidade de “Running Up The Hill”? No fim, não foi nenhuma das duas, apenas San com um registo de voz áspero, grave e rebuscado. Muito diferente da voz tranquila que nos falou horas antes em entrevista. A imagem dos rapazes foi impecavelmente escolhida com inspiração nas personagens do filme Reservoir Dogs (Cães Danados) do realizador de culto Quentin Tarantino. Fat Franco o guitarrista, esqueceu-se dos óculos para completar a indumentária em compensação Mr. Big acrescentou suspensórios à fatiota. Por vezes parecia que estávamos a ver uma actuação de Marlene Dietrich e a sua voz seca a entoar num qualquer cabaret. Só faltavam os cães de loiça à entrada para completar o quadro. The Profilers surgiram há um ano atrás como meros espectadores da final da XII Edição do Festival de Corroios. Quem diria, um ano depois seriam eles próprios seleccionados para a final deste evento que promove a música nacional há 13 anos.

The Cynicals chegaram de Coimbra para tocar novamente no palco de Corroios. Com uma vitória avassaladora na sessão de 2007, a banda trouxe na bagagem material novo que consta no EP de estreia gravado no Boom Estúdio. Desta vez Macias não ficou de corpo ao leu, como costuma ser da praxe. O que não quer dizer que o Rock não tenha sido suado. Os Cynicals contrabalançaram as malhas poderosas com temas orelhudos e uma incursão inesperada - a versão the “Happy Together” dos Turtles procedida por uma tema cigano onde João pode explorar outras valências vocais. O público pedia “On Sundays” e “Emily Rose” que foram guardados para o final como um trunfo. Ao que parece o público não estava saciado, pediu mais e eles não se fizeram rogados. Voltaram com dois temas e uma garrafa de vinho para terminar a noite em festa.

Texto Claúdia Matos Silva
Fotos José Frade
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